PÊNDULO

PENSO

A PONTE DENSA

RAIANDO O DIA

E A MADRUGADA

TRAZ-ME LEMBRANÇAS

DA VIDA INCERTA

TÃO RECOBERTA

DE POESIAS

PENSO

A PONTE DENSA

NOITE SUSPENSA

APRUMO E VIDA

LUZ INSERIDA

REVIVO

REVERSO

TRANSVERSO

E AGORA PEÇO

O RUMO PÊNDULO,

MOMENTO CERTO

VOCÊ!!!

MARLEY ABDO

REVOADA

RICA É A RIMA

QUE PENTEIA O VERSO

NÃO REDIGIDO

AINDA QUANDO A NOITE FINDA

A PALAVRA É BEM VINDA

RICA É A PROSA

QUE VERSEJA A DONZELA

TÃO SUBLIMADA

MEUS VERSOS

TRAFEGAM URGENTES

DE REVOADAS.

MARLEY ABDO

OXÓSSI

MINHA FEITURA
É DE VERDES MATAS
PELAS ÁRVORES
PONHO A BRISA
NO FOLHARAL

A CAVALGADA
DOS PARES ADORNADOS
O CANTO DO ROUXINOL
A VIBRAÇÃO DAS MÃOS
ESTENDIDAS PELO
ECO DA VIDA.

RASGO DE VENTRE
EM MÃE GAIA
A ADORADA FORMOSURA
SOU SEU FILHO DE CURA
SOU OXÓSSI
O PAI DA BRAVURA.




MARLEY ABDO

QUIRON

NENHUMA CULPA ME AFETA

QUANDO MEUS VERSOS

DEMONSTRAM A INQUIETUDE

DOS TRAÇOS DA ALMA GENTIL

VENHO DE ONDE A LIBERDADE

NÃO SE FAZ REFÉM DA NATUREZA PUERIL

OU DO ROMANTISMO DE SERES HIDROGENADOS

SOU PAGÃ SOU AVENTUREIRA

MEU REPOUSO HABITA A IMENSIDÃO DO CÉU

O SILÊNCIO ADORMECE A TEIMOSIA

NO OLHAR SERENO DE SORRISO CÁLICE

CHAMO-TE CHAMA

CHAMO-TE CHAMA

A VIAJAR EM SÓIS, EM GIRASSÓIS

EXPANSIVA, LASCIVA, SERINGUEIRA

PARA ONDE VOU OTIMIZO VERDADES

NA CONSTRUÇÃO DAS POESIAS

PARA ONDE VOU LEVO AS LUTAS

DA OMBRIDADE DOS MEUS IDEAIS

PARA ONDE VOU CULTUO A IMORTALIDADE

DOS AMORES FEBRIS DE IMENSOS PRAZERES

NO CÉU DE SAGITARIUS.!!

MARLEY ABDO & NINA ARAÚJO.

Entender O Quê ???

QUAL O PREÇO DE VIVER? COMO SE CHEGA AO LUGAR DA PAZ? ONDE ENCONTRAR O AMOR?
QUANTAS PERGUNTAS A SEREM RESPONDIDAS NESSAS TRÊS QUESTÕES...
A HUMANIDADE NÃO PONDERA NADA. A VERTENTE DA DOR SE MANIFESTA CLARAMENTE NO SEIO DAS FAMÍLIAS ONDE À CONTRAGOSTO A VIDA TRANSCORRE PÁLIDA SOBRE OS SERES HUMANOS.
A HUMANIDADE NÃO SABE SER HUMILDE DIANTE DA NATUREZA E ENCORAJADAS PELA FALSA PROMESSA DO MATERIALISMO AS PESSOAS SE ACREDITAM DEUS. QUANTA SOBERBA E INJÚRIA NO PALCO DA VIDA...
AH,OS ARQUÉTIPOS HUMANOS,ESSAS FIGURAS DISTORCIDAS E DESPROVIDAS DE ENTENDIMENTO.
ENTENDER O QUÊ? DIZEM OS TOLOS SÁBIOS,NÓS QUE JÁ SABEMOS DE TUDO!
E A TRUPE FALIDA DA MASSA ESCALDANTE NAVEGA IMPUNEMENTE. NOS PORTAIS DA EXISTÊNCIA
QUANTA BELEZA ESCONDIDA NA FACE SUBLIME DA MATERNIDADE ANUNCIADA.O HOMEM CAQUÉTICO SE ENCHE DE ORGULHO DO QUE NADA SENTE.
NA LINGUAGEM POÉTICA O MUNDO AGONIZA, ABRE OS BRAÇOS E NÃO ENCONTRA ABRIGO E DIZEM:É CASTIGO O QUE OUTRORA ERA PRESENTE DE DEUS.
MAS HÁ TEMPO...
UM POUCO DE PONDERAÇÃO NÃO MATA NINGUÉM, HUMILDADE NÃO MACULA O PERFIL E DISCERNIMENTO NÃO DISPERSA ALIÁS;SÓ ACRESCENTA .

MARLEY ABDO.

Duas Poetas

SENTADAS LÁ NO BARRANCO
NAS MARGENS DO RIO NEGRO
POETAS OUVEM O VENTO
PONTUAM ESTRELAS , CAMINHOS
DAQUI DESTE CERRADO
TENDO AOS OMBROS OS PASSARINHOS

NO CORIXO DA INVERNADA
PULA PEIXE E DESCE O RIO
DOURADO, PACU E PINTADO
OUSAM O VERSO APRUMADO
ESPALHADAS PELO TRIO.

SÃO RIMAS QUE VERTEM LONGE
QUANDO O CÉU VIBRA DE ANIL
DESDE A BONDADE DOS DEUSES
FABRICANDO O HORIZONTE
COM DUAS POETAS E A FONTE
DANTES PERDIDA E CANSADA
E AGORA TÃO CATIVANTE.




MARLEY ABDO & NINA ARAÚJO.

Encarnado

CORTO UM DOBRADO
PRA TE TRAZER
DO MEU LADO
ARISCA FOGES
FORA DO RISCO
A CONTRAGOSTO
MISTURA E MEXE
TRAÇADO SAFADO
COMPOSTO
A MISCELÂNEA
DOS VERSOS
VERSEJA RIMA
COMPÕE APRIMORA

E RESTA APENAS
UMA HORA
PRO MEU ENCARNADO
TE PRIMAR .

MARLEY ABDO

Amor Assim...

AMOR ASSIM É :
TOMAR BANHO DE BICA
OUVINDO O MONJOLO
NO FUNDO DA CASA
MOENDO CAFÉ

CHEIRINHO DE MATO VIRGEM
NO PÉ DA SERRA AO ALVORECER
DORMIR NA REDE
SENTIR A DAMA DA NOITE
ENLUARADA

SONHAR SONHAR COM A AMADA
PIRULITO DE CHOCOLATE
BANHO DE CHUVA E CAZUZA
CANTANDO CODINOME BEIJA-FLOR

ME VESTIR DE POETA
E FAZER DE TUDO
PRA ESTAR AO TEU LADO
VIVENDO O ABSOLUTO !



MARLEY ABDO

Ciganar

QUEM ME DERA AGORA
CANTORIA E SONHOS
SONS DE GUITARRA GITANA
FOGO, FOGUEIRA, FOGARÉU


QUEM ME DERA AGORA
SOLTA, LIVRE, RARA
SEM CHÃO NO MUNDO
TENDO O RUMO MEU


QUEM ME DERA AGORA
GIRA GIRA E DANÇA
E A ROSA VERMELHA BALANÇA
NOS CABELOS LONGOS DA CIGANA


QUEM ME DERA AGORA
CÉU, ÁGUA, MAGIA
QUE REPENTEIA A FALA
E GIRA GIRA DANÇA
ENQUANTO A NOITE CALA.



MARLEY ABDO

A Menina Da Cadeira de Corda

(para a menina Marley)


era vista tão formosa
a menina red/rosa
que da cadeira de corda
exibia os sapatinhos

a bochecha era encarnada
o vestido cara renda
sentada como uma prenda
pela mãe adornada

era vista tão formosa
a menina red/rosa
que esperava paciente
aqueles dez minutinhos

quando a mãe enfim dormia
o mundo abria uma solda
desfazia seus cachinhos
os pés dançantes de roda

ia ali catar cirandas
(pula corda, passa anel!)
como os guris sem ter hora
contando nuvens ao léu

a barriga era um negrume
as sardas mil vagalumes
o rosto passado na areia
e a alma sujinha de céu.

Marley Abdo & Nina Araújo.

Nativo

MEU COCAR NÃO TEM PENAS
É FEITO DE LUZ
SE NÃO VÊS NATIVO,
NÃO ÉS

MEU PAJÉ NÃO TEM CORPO
É ENERGIA
SE NÃO SENTES NATIVO,
NÃO CRÊS

MEU TAMBOR NÃO TEM SOM
É FREQUÊNCIA
SE NÃO OUVES NATIVO,
NÃO VIBRAS

NÃO SABES NADA SE
NÃO ÉS
NÃO CRÊS
NÃO VIBRAS

SE NÃO FORES NATIVO
COMO VAIS ME VIVENCIAR?




MARLEY ABDO.

ALMA SERTANEJA

DAS COLHEITAS DE ANIZ ESTRELADO
ONDE O MOLHADO DORME A PARIDEIRA
PÉS NA TV CABEÇA NO ANDOR
DE ONDE ME VEM TODO ESSE AMOR?
ALMA SERTANEJA
TRAGA A BENZEDEIRA
QUE A CRIA DOS VERSOS
EMOLDURA A CIDADE
LÁ NO CAMPO É HORA DE SONHAR
COM O TEMPO DO AMAR
DAS GARÇAS PANTANEIRAS
JÁ NÃO VAI LONGE A CIRANDA
DO CANTAR DOS COLIBRIS
ONDE A MORENA SESTEIA
NO COLO DOS BEM TE VIS
ALMA SERTANEJA
ME TRAGA TUA DONZELA
QUERO AMÁ-LA NA TRAMELA DO
GALPÃO DE ARRUMAÇÃO
VOU PROMETÊ-LA ADORNÁ-LA
DAS FITAS DO PAIOL DA CASA GRANDE
HEI DE FAZÊ-LA CONSTANTE
NOS BRAÇOS DO MEU TEAR
MARLEY ABDO

BREJO DE LUZ

ENTARDECENDO NO CERRADO

PANTANAL EM RECOLHIDA

AS ÚLTIMAS GARÇAS DO DIA

BUSCAM OS TOPOS DAS ÁRVORES MAIS ALTAS

COLHEIREIROS CISCAM MINHOCAS

MÃE-JACARÉ MERGULHA DA BAÍA

ENGOLE OS FILHOTES PARA PROTEGÊ-LOS

EMAS CORREM NAS PLANÍCIES

SUCURI DESCANSA NA BEIRA DA LAGOA

QUATIS, JABUTIS E QUEIXADAS

BUSCAM ABRIGO NO MATO

TUIUIU NO ALTO DO IPÊ-ROXO

MOLHA AS PENAS ASAS ABERTAS

NA BRISA PANTANEIRA

CÉU DE FOGO MULTICOLORIDO

NA BAÍA SAPOS COACHAM

SINFONIA CAIPIRA LÁ NO BREJO

E OS VAGALUMES

NUMA FESTA RURAL

DANÇAM AO SABOR

DA NOITE QUE VEM CHEGANDO

QUANTA BELEZA SE ESCONDE

EM NINHOS DE PÁSSAROS

A ARIRANHA EMITE O SOM NASAL GRAVE

CHAMA OS FILHOS PRA DORMIR

O LOBINHO-GUARÁ À ESPREITA

QUASE HORA DE CAÇAR

GALINHAS, GALOS E GANSOS

EM REBULIÇO PROCURAM AQUIETAR-SE

NO CARAMANCHÃO O VIOLEIRO

NA PROSA DA MODINHA

O SANFONEIRO TÁ CHEGANDO

É UM ZUM ZUM ZUM DE CAUSOS

OS VAGALUMES CONTINUAM

A DANÇA DO BREJO

UM CIGARRINHO DE PÁIA

PRA MÓDE NUM SE PERDER

VAI O CABLOCO PANTANEIRO

SUA VIDA TRANSCORRIDA

E A MOÇA FACEIRA

URBANA FIGURA DE ENCANTO

DERRAMA SEU PRANTO

QUANTA BONITEZA VIVER !!

Marley Abdo